Clima frio e chuvoso de algumas regiões do paraná aumenta risco de transtorno de depressão sazonal

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O frio e a falta de sol podem provocar transtornos depressivos em pessoas que moram ou passam muito tempo em locais com estas condições. A informação é da psicóloga Izabela Neves Freitas, especialista em luto e depressão, que afirma que nas regiões onde o tempo é mais frio e mais chuvoso o índice de casos de Transtorno Afetivo Sazonal (TAS) tende a ser maior.

A condição é reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como um transtorno depressivo, mais frequente no outono e no inverno, e com maior incidência em pessoas que vivem em regiões mais distantes da linha do Equador, onde os dias de inverno são mais curtos e há menos exposição ao sol.

No Paraná, as condições climáticas são diversas, conforme explica o coordenador de operações do Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental (Simepar), Marco Jusevicius.

“No Norte do Estado é muito raro ter quatro dias seguidos, por exemplo, com o tempo fechado e chuvoso. Já no Litoral e Região Metropolitana isso não é tão difícil e, às vezes, é possível ter períodos muito maiores do que isso no Sul do Estado, onde também tem dias bem mais frios do que em outras regiões”, afirma.

A fala do meteorologista é corroborada pelas médias históricas das temperaturas baixas e acumulados de chuva registrados no Paraná.

Mapas elaborados por equipes de monitoramento do governo do estado e enviados ao g1 pelo Simepar mostram que, historicamente, a metade sul do Paraná registra temperaturas mais baixas do que outras regiões, sendo que o frio é destaque no centro-sul. 

Áreas mais próximas à divisa com Santa Catarina também estão entre as mais chuvosas, assim como o litoral do Paraná.

Em contrapartida, no extremo norte o total de precipitação costuma ser mais baixo, considerando as médias históricas. 

“Percebo no atendimento clínico, no período chuvoso, as pessoas pedindo mais a consulta online. E muitas das pessoas que vêm presencialmente estão com menor qualidade do estado emocional. [...] A pessoa, por exemplo, vai ter um prejuízo no trabalho, porque não está indo trabalhar, ou vai ganhar peso porque não está indo para a academia, e é aí que a precisamos estar de olho. A tristeza do inverno pode ser comparada com a preguiça. Já a depressão sazonal é realmente a intensidade de não fazer as coisas”, analisa a psicóloga Izabela Neves Freitas.

A OMS ressalta que a falta de exposição à luz solar pode afetar a produção de neurotransmissores relacionados ao humor e ao sono, levando a alterações emocionais em muitas pessoas.

No caso do Transtorno Afetivo Sazonal, ele está relacionado à influência dos ritmos circadianos (como são chamadas as variações das funções biológicas ao longo de um dia) e ao desequilíbrio dos neurotransmissores no cérebro pela redução da exposição à luz solar.

A psicóloga ressalta que, para melhorar o funcionamento das células do organismo, o ideal é movimentar o corpo e a mente.

“O primeiro passo é o impulso para fazer mais coisas, para amenizar os sintomas, para que o organismo consiga reagir e que não entre no processo depressivo. Por exemplo, a pessoa pode ter bons relacionamentos, fazer amizades, exercício físico, coisas que sejam prazerosas, que deem sensação de satisfação, para suprir a falta que já vai ter do clima, do tempo”, exemplifica a especialista.

Fonte: G1