Pesquisa revela que 98% das mulheres brasileiras têm medo de sair à noite

Foto: Marcelo Casal/Agência Brasil

Em uma pesquisa realizada pelo Instituto Patrícia Galvão, produzido em parceria com o Locomotiva e com apoio da Uber, nove em cada dez mulheres brasileiras já sofreram violência ao saírem de noite, sendo a maioria de cunho sexual, incluindo assédios, importunações e comentários inconvenientes.

Para 10% das entrevistadas, as saídas à noite são com a finalidade de descanso e diversão, seja em estabelecimentos como restaurantes e bares, e até mesmo em cinemas, teatros e shows. 

Segundo informações apresentadas no relatório, cerca de 98% das mulheres brasileiras que saem à noite têm medo de sofrer algum tipo de violência, seja verbal ou de cunho sexual. Para algumas delas, o índice é ainda maior, a depender da etnia, orientação sexual e/ou identidade de gênero. 

Cerca de 72% das mulheres revelam já teriam passado por situações de olhares e flertes indesejados e insistentes. Para as brasileiras de 18 a 34 anos, o índice sobe para 78%.

A pesquisa indica ainda que a violência de gênero foi presenciada por uma parcela significativa das entrevistadas. Do total, 42% afirmaram ter visto alguma agressão contra outra mulher e 54% afirmaram que prestaram algum tipo de ajuda.

O levantamento mostra que 58% das vítimas receberam algum tipo de acolhimento, seja de conhecidos, desconhecidos ou funcionários do local. Após o episódio, 53% decidiram retornar para casa. Apenas 17% procuraram a polícia, seja indo até uma delegacia ou solicitando uma viatura. Uma parcela menor acionou a Central de Atendimento à Mulher.

Mulheres negras desistiram de sair de casa

O levantamento aponta que 63% das mulheres que frequentam atividades noturnas já desistiram de sair de casa por sensação de insegurança. Entre as mulheres negras e pardas, o percentual chega a 66%.

O relatório aponta que mulheres pretas enfrentam maiores níveis de vulnerabilidade em diferentes situações. Entre os relatos coletados, estão casos de importunação e assédio sexual, agressões físicas, estupros e racismo.

Ao todo, 34% das entrevistadas relataram ter sido vítimas de assalto, furto ou sequestro relâmpago. O levantamento também aponta que 24% sofreram algum tipo de discriminação ou preconceito por características que não são étnico-racial. Entre as mulheres da comunidade LGBTQIA+, esse índice é ainda maior e alcança 48%.

Para diminuir a exposição a riscos, 91% das mulheres informam a alguém de confiança sobre o destino e o horário de retorno antes de sair. Além disso, 89% evitam circular por locais desertos ou com pouca iluminação e a mesma porcentagem procura companhia nos deslocamentos. 

O levantamento indica ainda que 78% deixam de usar determinadas roupas ou acessórios e 58% levam peças que permitam cobrir mais o corpo como forma de proteção.

Fonte: RICTV