A leptospirose é uma zoonose bacteriana grave, muitas vezes negligenciada, que representa um risco significativo à saúde pública, especialmente em áreas urbanas suscetíveis a inundações. Com a chegada do período chuvoso — que no Paraná vai de novembro a março — aumenta a possibilidade de contaminação, o que reforça o alerta das autoridades de saúde.
Causada pela bactéria Leptospira, a doença tem ligação direta com o transmissor mais comum, o rato. De janeiro a novembro de 2025, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) registrou 18 mortes por leptospirose no Paraná. No período, foram 1.557 notificações, das quais 247 casos foram confirmados, 103 seguem em investigação, 42 tiveram resultados inconclusivos e 1.165 foram descartados.
“É uma doença que pode matar. Os primeiros sintomas começam de forma repentina e são semelhantes aos de uma gripe. É necessário ter cuidado e seguir as recomendações, principalmente em caso de inundações, que é quando ocorre o maior risco”, explicou o secretário estadual da Saúde, Beto Preto. “No verão, período de chuvas frequentes, é importante se manter alerta”, acrescentou.
A Região Metropolitana de Curitiba concentra a maior parte das notificações. Na área da 2ª Regional de Saúde, foram 869 registros, com 127 confirmações e 12 óbitos — sendo sete em Curitiba, três em Colombo e dois em São José dos Pinhais. Já a 1ª Regional de Saúde de Paranaguá registrou 73 notificações, nove confirmações e duas mortes, em Paranaguá e Guaraqueçaba.
Na 3ª Regional de Saúde, de Ponta Grossa, houve 79 notificações, com 19 casos confirmados e uma morte em Castro. Na área da 15ª Regional de Saúde de Maringá, foram 31 notificações, cinco confirmações e um óbito em Sarandi. A 21ª Regional de Saúde, de Telêmaco Borba, contabilizou nove notificações, quatro confirmações e dois óbitos, ambos no município de Reserva.
Contaminação e sintomas
A principal forma de contaminação ocorre por meio da pele lesionada — mesmo pequenos cortes ou arranhões — e das mucosas, como olhos, nariz e boca, quando há contato com água ou lama contaminadas pela urina de animais infectados.
Em situações de enchentes e alagamentos, o risco aumenta significativamente. As inundações arrastam lixo e sujeira, que se misturam à urina de roedores que vivem em esgotos e bueiros. A bactéria consegue sobreviver por longos períodos em ambientes úmidos, elevando o perigo de infecção.
Os sintomas da leptospirose costumam surgir entre 7 e 14 dias após a exposição. Na fase inicial, a doença pode ser confundida com uma gripe comum, o que dificulta o diagnóstico precoce. Os sinais incluem febre alta de início súbito, dor de cabeça intensa, dores musculares — especialmente na panturrilha — falta de apetite e náuseas.
Sem tratamento, a leptospirose pode evoluir para formas graves, com comprometimento de órgãos vitais, icterícia, insuficiência renal — que pode exigir diálise — e hemorragias, incluindo sangramentos pulmonares.
Prevenção e tratamento
Evitar áreas alagadas durante enchentes é a principal forma de prevenção. Quando o contato for inevitável, como em ações de limpeza ou resgate, é fundamental o uso de botas e luvas de borracha. Após o contato com água de enchente, recomenda-se lavar bem o corpo e as mãos com água limpa e sabão.
Para a limpeza de locais atingidos por inundações, a orientação é utilizar solução de água sanitária (hipoclorito de sódio a 2,5%), na proporção de um litro para cada quatro litros de água.
O controle de roedores também é essencial. O lxo deve ser mantido em recipientes fechados, os alimentos armazenados adequadamente e, em áreas de risco, a desratização deve ser realizada por empresas especializadas.
Em caso de exposição a áreas alagadas e surgimento de sintomas como febre, dores no corpo e, principalmente, dor na panturrilha, é fundamental procurar atendimento médico imediatamente. O tratamento é feito com antibióticos, além de hidratação e suporte renal nos casos mais graves.
A leptospirose é uma doença curável, mas o diagnóstico tardio pode ser fatal. Por isso, a conscientização e os cuidados preventivos, especialmente após períodos de chuva intensa, são essenciais para salvar vidas.
Fonte: AEN
Gabriela
Foto: SESA

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