Ministros israelenses afirmam que assentamentos “enterrarão permanentemente” ideia de Palestina

REUTERS/Mohammed Torokman

Israel está avançando com planos para construir milhares de novas unidades habitacionais na Cisjordânia ocupada, dividindo o território em dois.

Segundo o ministro das Finanças israelense, Bezalel Smotrich, o projeto "enterraria permanentemente a ideia de um Estado palestino".

O projeto de assentamento E1, paralisado há décadas devido à forte oposição internacional, conectaria Jerusalém ao assentamento de Maale Adumim, fazendo com que o estabelecimento de Jerusalém Oriental como capital da Palestina praticamente impossível no futuro.

Isso também dividiria a Cisjordânia ao meio, impedindo o estabelecimento de um Estado palestino contíguo.

Smotrich anunciou a aprovação de 3.401 novas unidades habitacionais nesta quinta-feira (14) em uma coletiva de imprensa realizada no local da construção planejada.

"Eles falarão sobre um sonho palestino, e nós continuaremos a construir uma realidade judaica", disse Smotrich.

"Essa realidade é o que enterrará permanentemente a ideia de um Estado palestino, porque não há nada a reconhecer e ninguém a reconhecer", adicionou.

Smotrich tem pressionado o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu para anexar a Cisjordânia ocupada e aplicar a soberania israelense a todo o território.

Críticas ao avanço do plano em Israel

Em um comunicado, a Presidência do Conselho Nacional Palestino criticou os novos planos de assentamento como um "plano sistêmico para roubar terras, judaizá-las e impor fatos bíblicos e talmúdicos ao conflito".

O presidente da Câmara Rawhi Fattouh afirmou que o "plano colonial se enquadra na política de anexação gradual" da Cisjordânia, que é acompanhada pela violência dos colonos contra os palestinos.

Os assentamentos israelenses na Cisjordânia são considerados ilegais pela lei internacional.

Porém, durante o primeiro governo Trump, o Departamento de Estado dos EUA reverteu uma política de longa data e decidiu que os assentamentos "não eram inconsistentes" com a lei internacional. O governo Biden manteve essa nova política em vigor.

A organização israelense de vigilância dos assentamentos "Paz Agora" criticou duramente o avanço do plano E1, considerando-o "mortal para o futuro de Israel e para qualquer chance de alcançar uma solução pacífica de dois Estados".

"Estamos à beira de um abismo, e o governo está nos impulsionando a todo vapor. Há uma solução para o conflito israelense-palestino e para a terrível guerra em Gaza — o estabelecimento de um Estado palestino ao lado de Israel — e ela finalmente virá", afirmou o comunicado.

"As medidas de anexação do governo estão nos afastando ainda mais dessa solução e garantindo muitos anos de derramamento de sangue", concluiu.

Fonte: CNN